A tendinopatia de Aquiles é o nome dado à dor no tendão que liga a panturrilha ao calcanhar. Apesar de ser uma condição comum, não é de tratamento simples. Com base nisso, o artigo Achilles Tendinopathy, publicado na revista Nature Reviews Disease Primers, foi desenvolvido com foco na compreensão dos processos patológicos e na otimização dos métodos de avaliação e tratamento dessa condição.
A dor no tendão de Aquiles é comum entre corredores e praticantes de esportes, mas outros fatores, como efeitos de medicamentos, envelhecimento, sedentarismo, sobrecarga excessiva e acúmulo de fluidos, também podem contribuir para o desenvolvimento da condição. A pesquisa foi concebida e desenvolvida por 12 autores de diferentes nacionalidades, entre eles Rodrigo Scattone da Silva, docente do curso de Fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (Facisa/UFRN) e do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFIS/UFRN), responsável pela seção de Tratamento.
Pessoas que sofrem com tendinopatia de Aquiles enfrentam dificuldades em atividades básicas do dia a dia, que normalmente são realizadas com facilidade. Correr e subir escadas podem causar dores crônicas intensas e, em casos mais graves, podem até impossibilitar o paciente de andar. Diante dessas limitações, o indivíduo tende a reduzir o esforço físico, o que pode levá-lo ao sedentarismo, reforçando, assim, a importância de métodos de tratamento qualificados e eficazes.
Rodrigo relata que uma pesquisa apontou que menos de 7% dos fisioterapeutas no Brasil baseiam seus tratamentos nas melhores recomendações da literatura científica. “Realmente precisamos melhorar o manejo dessa condição, não só no Brasil, mas em nível mundial”, afirma o professor.
A seção de Tratamento presente no artigo, coordenada pelo docente, analisa diferentes abordagens para a tendinopatia de Aquiles, destacando a viabilidade e a eficácia de cada uma. No geral, os métodos mais eficazes incluem exercícios com carga progressiva e o gerenciamento da atividade física por um profissional de Fisioterapia. A partir de um planejamento específico e individualizado, que considere as particularidades e condições de cada paciente, desenvolvem-se estratégias para uma gestão a longo prazo.
A pesquisa apresenta uma proposta de linha inicial de tratamento para atletas com tendinopatia de Aquiles. Na primeira fase, o objetivo é reduzir a dor e diminuir a sobrecarga no tendão. Em seguida, por meio de uma série de exercícios lentos para a panturrilha, promove-se o fortalecimento progressivo do tendão. Na terceira fase, com o tendão já fortalecido, inicia-se gradualmente a preparação para atividades de maior intensidade, como saltos e corridas. Por fim, o profissional deve acompanhar o paciente no retorno a uma vida ativa.
É importante ressaltar que esse tratamento segue uma abordagem biopsicossocial, com foco em resultados a longo prazo. Ao considerar aspectos biológicos, psicológicos e sociais, essa conduta busca compreender o paciente de forma integral, reconhecendo fatores externos que influenciam tanto a dor quanto o processo fisioterapêutico. Dessa forma, a pesquisa oferece um estudo aprofundado sobre a tendinopatia de Aquiles, propondo melhorias e incentivando profissionais e estudantes a se dedicarem à área.
Fonte: Agecom; Texto: Fernanda Bacalhau; Edição: Paiva Rebouças; Revisão: Beatriz de Azevedo
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