O Nordestão é o maior grupo varejista do Rio Grande do Norte genuinamente potiguar. Surgiu pela força do trabalho e da visão empreendedora de Leôncio Etelvino de Medeiros, agricultor e comerciante que, em 1958 saiu de Cruzeta, pequeno município da região Seridó, para se estabelecer em Natal.
A história vitoriosa da família Medeiros e da maior rede de supermercados do estado foi resgatada essa semana por Fábia Medeiros de Miranda, herdeira do fundador do Nordestão e presidente do Conselho de Sócios, com a chegada do Nordestão a Mossoró.
O grupo acaba de assumir as operações da Rede Cidade, prometendo manter o perfil de valorização da família no conceito empresarial.
Em entrevista coletiva, Fábia Medeiros, ao lado do presidente executivo do grupo, Leonardo Corrêa, anunciou investimentos de R$ 30 milhões em Mossoró, falou sobre a valorização do emprego e do processo de transição da marca Cidade para Nordestão. Confira.
O que os mossoroenses podem esperar do Nordestão?
Primeiro, gostaria de falar um pouco da nossa origem no município de Cruzeta, na região Seridó. Origem humilde, mas de pessoas trabalhadoras e empreendedoras, sempre voltadas à preocupação de como sustentar a família. Foi assim que o meu pai chegou a Natal, foi assim que o meu tio Manoel chegou a Natal. Na época, em 1958, meu pai tinha algumas bodegas. Ele viu que estava dando certo e falou com o meu avô para apostar no negócio. Naquele momento, eles tinham cinco boxes no mercado público de Natal. Em 1967, esse mercado público pegou fogo e a nossa família perdeu quase tudo. Eles tiveram que recomeçar do zero. Trabalharam com a mesma determinação. E, graças a esse jeito que nós temos de trabalhar com respeito, mantendo o bom relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores, as coisas foram dando certo.
Como foi recomeçar?
Com pouco que sobrou do incêndio, eles reiniciaram uma venda na casa onde moravam em Natal. Com o tempo, o negócio dando certo outra vez, foi aberta a primeira loja, isso em 1972, depois tivemos um pouco mais de velocidade em construção de lojas e, ao fim de 1976, já estávamos com quatro unidades. Passamos por todas as mudanças, movimentos, seja na economia ou no comportamento do consumidor, de forma que em 1996 já tínhamos seis lojas. Quando começou a chegar à concorrência das grandes empresas nacionais, decidimos dar um passinho para trás e nos organizarmos no processo. Nós voltamos a ter uma nova loja só em 2006, dez anos depois. Mais uma vez, decidimos ter um pouco mais de calma, avaliar com responsabilidade e, até a gente se capitalizar de novo para investimentos passaram mais seis anos. Em 2012, voltamos a investir, abrimos o nosso Centro de Distribuição (CD), abrimos outra loja em 2013. Recuamos mais uma vez. Voltamos em 2020 quando começamos a construir a loja de João Pessoa (PB).
Por que a opção por João Pessoa e só agora, cinco anos depois, vir para Mossoró?
Dentro do que eu considero uma crença nossa, que é procurar sempre fazer de forma bem planejada, entendemos que ainda não era o melhor momento para a nossa empresa chegar a Mossoró. Havia um receio nosso, inclusive, com a própria distância física de 267 quilômetros entre Natal e Mossoró. A gente precisava conhecer melhor a cidade, a cultura, o comportamento dos consumidores, saber como melhor atender as pessoas, respeitando o perfil das pessoas. Mas sempre foi um sonho de conseguir, de fato, chegar a Mossoró. E agora estamos realizando esse sonho.
O investimento em Mossoró, com a compra da Rede Cidade, faz parte de um plano de expansão mais arrojado? Qual é a meta do Grupo Nordestão?
De fato, decidimos investir num plano de expansão mais arrojado. Esse plano consiste em dobrar o faturamento em três anos e consolidar o nosso grupo como o maior do Rio Grande do Norte, a partir da internalização em todo nosso estado. Se esse é o plano, Mossoró é a cidade. Dentro desse nosso projeto sempre pensamos Mossoró com muito carinho e procuramos a melhor forma de chegar até aqui.
Como surgiu a ideia de comprar as operações da Rede Cidade?
Foi o meu primo Pedro quem primeiro conversou com Max Mendonça. Dentro do nosso conceito, a gente já enxergava algumas lojas do Cidade que faziam sentido no complemento de locais onde a gente planejava ocupar. Essa negociação começou há mais de um ano, de forma que hoje estamos juntos. Das oito unidades da Rede Cidade, vamos assumir seis que inclui as lojas do bairro Doze Anos, Abolição IV, Nova Betânia (antigo Maxx), Presidente Dutra, o Centro de Distribuição e a loja de Parnamirim. O Cidade continuará com duas unidades (Centro e Abolição II). Estamos assumindo as lojas do Cidade com muito orgulho, muita honra e muita humildade. Queremos caminhar juntos com os mossoroenses, aprendendo com os mossoroenses para que a gente possa operar da melhor forma possível.
Qual a perspectiva, dentro desse plano de expansão, sobre a abertura de novos postos de empregos em Mossoró e no Rio Grande do Norte?
Atualmente, temos quatro mil e trezentos funcionários em nossas lojas e no Centro de Distribuição. A Rede Cidade, que estamos assumindo, conta com mil e quatrocentos funcionários. A partir de julho, serão cinco mil e setecentos colaboradores. Então, esse crescimento precisa ser muito bem planejado, para evitar um passo além do que a gente pode suportar, para que respeitemos as famílias que já estão com a gente e que vão chegar agora. Quando eu comentei que precisamos aprender a operar na praça de Mossoró, assim como em Parnamirim, onde tem uma loja do Cidade, entendemos que nós só vamos conseguir aprender com a velocidade necessária com os colaboradores que hoje o Cidade já possui. A partir de julho, esses colaboradores passam a fazer parte do Grupo Nordestão. Sobre novas oportunidades, com certeza elas vão surgir. Nós prezamos muito, valorizamos muito, os profissionais da casa. Crescemos junto com eles. De forma que, nesse primeiro momento, vamos priorizar o quadro de colaboradores do Cidade.
Como será o processo de transição entre a Rede Cidade e o Grupo Nordestão? A marca Cidade será substituída por Nordestão de imediato?
Vamos fazer essa transição de forma gradual. Será um processo de pelo menos seis meses que se consolidará em 2026. Como todos sabem, a Rede Cidade tem um braço no varejo e outro no atacarejo, assim como o Nordestão. O nosso varejo é o Nordestão e o atacarejo é marca SuperFácil. A nossa ideia é replicar esse modelo em Mossoró, de forma que o Cidade Atacadão será a SuperFacil e as lojas de varejo terão a bandeira Nordestão. Essa mudança, como disse há pouco, não será imediata, uma vez que pretendemos investir 30 milhões de reais em melhoria das lojas, principalmente nas unidades do bairro Doze Anos e do Abolição IV. Portanto, trabalhamos com a previsão que até o início de 2026 estaremos concluindo essa transição com o Nordestão nas lojas de varejo e o SuperFácil na unidade atacarejo.
O Nordestão está chegando numa cidade polo que lidera quase cinquenta municípios, além de ser próxima do Vale do Jaguaribe, que tem meio milhão de habitantes, mas aqui já estão instalados alguns gigantes varejistas. Partindo desse cenário, qual foi o ponto que definiu os investimentos em Mossoró?
Nós respeitamos muito as empresas que já estão aqui. Respeitamos muito Júnior Rebouças (Rede de Supermercados Rebouças), Jair Queiroz (Rede de Supermercados Queiroz) e tantos que outros que aqui estão. O meu pai sempre disse que crescer sozinho não faz muito sentido. Então, estamos chegando para somar ao mercado local e regional, dentro do plano de expansão que citei anteriormente. Acreditamos que existem espaços para todos, cada um tem as suas fortalezas, cada um tem o seu jeito de empreender. O varejo é um grande desafio, sempre foi. Nesses 52 anos de existência, o nosso grupo enfrentou muitos desafios, sempre se adequado à nossa economia, às mudanças no hábito de consumo do cliente; passamos por uma pandemia, tivemos que nos reinventar, de forma que eu sempre digo e repito: estar no varejo é gostar do varejo, porque pense num negócio dinâmico é varejar. É danado de bom.
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