Por Edinaldo Moreno / Jornal de Fato
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou nesta quinta-feira (8) a Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) sobre os rendimentos do trabalho e de outras fontes entre os moradores do Brasil. No Rio Grande do Norte, o levantamento apontou crescimento de quase 10% do rendimento médio mensal entre 2023 e 2024. Não há dados por município.
De acordo com a Pnad Contínua, o rendimento médio mensal real da população potiguar aumentou de R$ 2.230,00 em 2023 para R$ 2.448,00 em 2024. O número representa um crescimento de 9,8%. A pesquisa destaca ainda que, embora inferior ao aumento percentual observado no Nordeste (10,3%), o estado manteve um rendimento superior à média regional, mas abaixo da média nacional, que alcançou R$ 3.057,00, com variação de 7,4%.
“Isso indica que, apesar de um avanço inferior ao da região em termos proporcionais, o RN está em posição intermediária entre os rendimentos do Nordeste e os do Brasil”, explica comunicado do IBGE enviado à imprensa.
A pesquisa publicada pelo órgão federal mostra ainda que a massa de rendimento mensal real do trabalho no Rio Grande do Norte alcançou R$ 3,9 bilhões no ano passado. Esse rendimento representa crescimento de 25,5% em relação a 2023. Esse desempenho foi superior ao observado no Nordeste, cuja variação foi de 18,5%, e também superou a média nacional, que cresceu 11,2%. O resultado indica aumento no volume total de rendimentos do trabalho no estado, consistente em relação aos anos anteriores.
O IBGE aponta também que o rendimento médio mensal real no Rio Grande do Norte proveniente do trabalho aumentou 14,1%, passando de R$ 2.338,00 para R$ 2.668,00 entre 2023 e 2024. Por outro lado, o rendimento médio por aposentadorias e pensões caiu 5,3%, reduzindo-se de R$ 2.480,00 para R$ 2.349,00. Já os valores recebidos por programas sociais apresentaram alta de 9,2%, alcançando R$ 803,00. Esses resultados mostram dinâmicas distintas entre as fontes de rendimento no estado.
DESIGUALDADE DE RENDA
Entre 2012 e 2024, a Pnad Contínua mostrou desigualdade de renda no Rio Grande do Norte, medida pela razão entre o rendimento médio dos 10% com maior renda e o dos 40% com menor renda, apresentando flutuações relevantes. Em 2012 e 2013, a razão era de 13,4, valor que caiu em 2014 (12,1), mas subiu consideravelmente em 2016 (16,5) e atingiu seu pico em 2021, com 21,6.
Já em 2024, essa razão foi de 14,6, próxima da média nacional do mesmo ano (13,4), refletindo ainda elevada disparidade. Enquanto o rendimento médio do decil superior passou de R$ 2.172,00 (2012) para R$ 6.703,00 (2024), o dos 40% mais pobres cresceu de R$ 162,00 para R$ 460,00 no mesmo período. Apesar do crescimento absoluto da renda entre os mais pobres, a distância relativa entre os extratos sociais se manteve alta, apontando para a persistência de um padrão concentrador de renda no estado.
Homens continuaram tendo rendimento médio mensal superior ao das mulheres
No Rio Grande do Norte, em 2024, os homens continuaram a apresentar rendimento médio mensal do trabalho superior ao das mulheres. Em relação a 2023, o rendimento dos homens aumentou de R$ 2.624,00 para R$ 2.955,00, enquanto o das mulheres passou de R$ 2.333,00 para R$ 2.543,00. Ainda que ambas as médias tenham crescido, a diferença entre os sexos se manteve: R$ 411,00 em 2023 e R$ 412,00 em 2024. Isso indicou persistência da desigualdade entre os sexos nos rendimentos do trabalho, mesmo com ganhos reais para ambos os grupos no período analisado.
Quando analisado por raça/cor, o rendimento médio mensal real em 2024 mostrou diferenças nesse critério. Pessoas brancas no Rio Grande do Norte receberam, em média, R$ 3.269,00, frente a R$ 2.408,00 das pessoas pardas e R$ 1.796,00 das pretas. De 2023 para 2024, os rendimentos cresceram para todos os grupos, com destaque para as pessoas pardas (aumento de R$ 292,00). No entanto, a diferença entre brancos e pretos, que era de R$ 1.073,00 em 2023, aumentou para R$ 1.473,00 em 2024, sinalizando a manutenção da desigualdade por cor/raça.
No recorte por nível de instrução, observou-se que quanto maior a escolaridade, maior foi o rendimento médio. Entre 2023 e 2024, o maior aumento absoluto ocorreu entre os que completaram o ensino fundamental (de R$ 1.327,00 para R$ 2.660,00), mais que dobrando. Já o rendimento dos que possuem ensino superior completo manteve-se praticamente estável, com leve redução (de R$ 5.670,00 para R$ 5.659,00). A renda dos que não têm instrução praticamente não variou, mantendo-se como a menor entre os grupos, o que reafirmou a importância da educação formal para o aumento da renda do trabalho.
Número de domicílios que recebem Bolsa Família variou em 12 anos
A Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios Contínua mostrou que o número de domicílios no Rio Grande do Norte que receberam o Bolsa Família variou entre 2012 e 2024. Segundo o IBGE, o número teve queda em 2020 em decorrência da mudança para o Auxílio Emergencial durante a Pandemia por COVID-19. A queda foi de 10,9% (124 mil).
Houve posterior aumento até 2023 (381 mil; 30,4%) e retração em 2024 (369 mil; 28,2%). O recebimento do BPC-LOAS apresentou crescimento contínuo, passando de 43 mil domicílios (4,4%) em 2012 para 86 mil (6,6%) em 2024. Já os domicílios com outros programas sociais atingiram pico em 2020 (395 mil; 34,9%), recuando nos anos seguintes, alcançando 32 mil (2,4%) em 2024.
De acordo com os dados divulgados na Pnad Contínua, entre 2012 e 2024, o rendimento médio domiciliar per capita no Rio Grande do Norte foi mais baixo entre os domicílios que recebiam benefícios sociais, com destaque para os que recebiam Bolsa Família, cujo valor passou de R$ 477,00 em 2012 para R$ 622,00 em 2024, enquanto os que não recebiam este benefício alcançaram R$ 2.038,00. Para o BPC-LOAS, o rendimento foi de R$ 753,00 (2012) para R$ 1.008,00 (2024), ainda inferior aos R$ 1.620,00 dos que não recebiam.
Já os domicílios com outros programas sociais apresentaram renda de R$ 819,00 em 2024, frente aos R$ 1.598,00 daqueles que não eram beneficiários. As diferenças observadas ao longo do período indicam que, embora os programas sociais contribuam para a elevação da renda entre os beneficiários, ainda persistem disparidades em relação aos domicílios não dependentes desses auxílios.
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