Por Emanuelle Ribeiro — ge
- Você tem que demonstrar dentro do campo que realmente quer ganhar essa competição. A equipe passou essa mensagem.
A declaração de Filipe Luís resume bem o que é a análise da vitória por 2 a 0 sobre a LDU, na noite de quinta-feira, no Maracanã. O Flamengo, como ainda não tinha feito antes nesta Libertadores, teve postura de um time que queria vencer. O nível alto de concentração fez a diferença para o Rubro-Negro chegar à última rodada menos pressionado e mais perto da classificação.
Até então parecia existir dois Flamengos diferentes, o do Campeonato Brasileiro e o da Libertadores. Na quinta, com a obrigação de vencer a LDU, o time intenso e dominante de Filipe Luís deu as caras na competição continental. Este Flamengo, mesmo com alguns erros de decisão no terço final, é difícil de segurar. E o time equatoriano vivenciou isso no Maracanã.
A LDU praticamente correu atrás da bola o jogo todo. Conseguiu apenas dois ou três escapes nos 90 minutos, mas nenhum gerou oportunidade de trabalho para o goleiro Rossi.
Sem Pulgar e Allan, lesionados, o técnico Filipe Luís fez mexidas certeiras e que influenciaram diretamente no desempenho do Flamengo. Gerson voltou a atuar como volante, ao lado de De la Cruz, e Luiz Araújo entrou no time titular. O trio, junto a Léo Ortiz, ditou o ritmo da vitória.
A proposta da LDU, ao contrário do que se desenhou, não foi ficar postada na defesa esperando o Flamengo. O adversário tentou ganhar campo, mas não conseguiu sair da pressão rubro-negra e se mostrou frágil diante de um Fla determinado a alcançar seu objetivo.
O gol cedo, mais uma vez, condicionou o jogo do Flamengo. Aos 9 minutos, Luiz Araújo cobrou escanteio para Léo Ortiz abrir o placar. E aí um gesto de Gerson é autoexplicativo para a postura apresentada pelo time. O capitão quase não esperou a bola tocar na rede. Colocou-a debaixo dos braços e posicionou-a no meio-campo, chamando os colegas para retomarem logo suas posições para o jogo recomeçar. Não quis saber de comemoração. A meta era uma vantagem mais larga.
O nível de entrega do Flamengo fez a diferença. Diferentemente do que se viu nos jogos anteriores do time na Libertadores, especialmente nas duas partidas contra o Central Córdoba.
Com Gerson e De la Cruz no meio, o Flamengo ganhou ritmo. A dupla distribuiu e acelerou o jogo, ajudando na rápida recuperação da bola quando necessário. Do lado direito do ataque, Luiz Araújo contribuiu com o que faltou ao time em boa parte do primeiro tempo: estar mais perto do gol.
- O Luiz tem gol, tem assistência, gera perigo perto da área - reconheceu Filipe Luís.
O camisa 7 qualificou a bola parada do Flamengo e chutou sempre que teve espaço. O que não aconteceu com outros jogadores. O Fla teve 70% de posse e muita presença no campo ofensivo, mas não criou tantas chances perigosas no primeiro tempo. Faltava chutar. E isso é algo que Luiz Araújo faz bem. A dobradinha com Wesley encaixou.
Foram 25 minutos de pressão incessante. Toques rápidos, decisões acertadas, domínio do campo, controle da posse de bola e muita vontade de fazer o segundo gol. O plano de jogo funcionou. Mesmo quando o Flamengo deu um pouco de espaço para a LDU, o time não sofreu. Foi superior o primeiro tempo todo, o que foi traduzido em números:
- Finalizações: 12 x 1
- Posse de bola: 62% x 38%
- Escanteios: 7 x 0
- Passes: 310 x 148
O que o Flamengo fez foi cansar a LDU na primeira parte do jogo. Poderia ter sido melhor, se estivesse mais ajustado no último terço. Os equatorianos se livraram de uma derrota pior.
Apesar de a LDU exigir pouca participação da defesa rubro-negra, a dupla de zaga participou bastante do jogo. Léo Ortiz e Léo Pereira se posicionaram no meio-campo e acompanharam o avanço do time. Pelo lado esquerdo, Michael e Alex Sandro geraram muito volume. Foi do lateral-esquerdo a jogada do segundo gol. Ele entrou na área, fez fila e tocou para trás. Ricardo Adé tentou afastar, e a bola parou nos pés do decisivo Luiz Araújo, aos 8 minutos.
O segundo gol no início da etapa final mudou a dinâmica do jogo no Maracanã. O Flamengo passou à frente da LDU no saldo de gols e obrigou o time de Quito a se expor mais. O Fla cadenciou a partida, e Filipe Luís fez mudanças para tentar explorar os espaços adversários. Pedro, Cebolinha e Wallace Yan entraram. Com o camisa 9 em campo, faltou cruzar mais na área, como aconteceu no primeiro tempo. Foram só duas finalizações rubro-negras na etapa final. Depois de muita intensidade, o fôlego naturalmente diminuiu, mas sem causar sérios riscos.
Não foi o melhor jogo do Flamengo na temporada. O time cometeu erros técnicos e perdeu a chance de um placar mais decisivo para a classificação. Ainda assim, a estratégia foi bem executada, e o Rubro-Negro dominou a LDU nos 90 minutos. Com o desejo de jogar e de vencer e com a aplicação tática que o Fla mostrou, a vaga nas oitavas ficou mais perto. Com este nível de concentração, sempre é difícil para os adversários enfrentar e passar ileso à equipe de Filipe Luís.
Na Libertadores, o Flamengo voltará a jogar no dia 28 de maio, contra o Deportivo Táchira, também no Maracanã. O time rubro-negro depende só de si para avançar na Libertadores.
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