Segunda-Feira, 05 de maio de 2025

Postado às 07h45 | 05 Mai 2025 | redação Maria Elvira: a alma musical e cultural de Viçosa

Crédito da foto: Cedida Maria Elvira, voz e violão

Por Márcio Morais – Especial

Cantora, compositora, poetisa e gestora cultural, Maria Elvira é tudo isso e muito mais. Com uma sensibilidade única, ela transforma sentimentos em arte e faz da cultura sua missão de vida. Em uma conversa envolvente com o nosso Portal O Vale do Apodi, Maria Elvira compartilha sua trajetória na música, as influências que moldaram sua arte, os desafios enfrentados como mulher no cenário artístico e os sonhos que hoje se concretizam também na gestão da Cultura e Turismo do município de Viçosa.

Confira a entrevista e descubra o talento e a força dessa jovem promissora da cidade de Viçosa, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte.

Como e quando você descobriu sua paixão pela música?

A música sempre foi uma característica minha. Desde muito nova tive vontade de tocar, principalmente violão. Meu primeiro contato mais direto foi como integrante da Orquestra Filarmônica Padre Dário Torboli, aqui em Viçosa. E desde os 12 anos, já participava de atividades escolares cantando. Depois disso, fui aprendendo a tocar vários instrumentos.

 

Quais foram as maiores influências musicais na sua formação como cantora?

Cássia Eller, Rita de Cássia, Maria Gadú, Gal Costa, Maria Bethânia, Los Hermanos, Chico César, entre outros.

 

Você lembra da sua primeira apresentação? Como foi essa experiência?

Lembro, sim. Foi numa atividade escolar, cantando “O Segundo Sol”, da Cássia Eller. Na ocasião, só cantei. Depois, passei a integrar o violão nas apresentações. A voz tremia, mas tive muito apoio dos professores, principalmente Giordanio Freitas, que sempre foi um alicerce para mim. Foi ali que percebi que tinha mesmo um chamado pra música.

 

Você é cantora, compositora, musicista e poetisa. Como se sente com todos esses dons?

Abençoada. Tudo vem de Deus, e para Ele são todas as coisas. Ao mesmo tempo, assumo uma responsabilidade gigante. Sou muito feliz por ter esses talentos.

Como funciona seu processo de composição?

Costumo dizer que “a música nasce”. Não é por encomenda, é por inspiração. Às vezes, do nada, sinto a necessidade de colocar algo pra fora. Pego um papel, gravo a melodia no celular para não esquecer e vou construindo a música naturalmente.

 

Suas músicas refletem experiências pessoais? Tem alguma com significado especial?

A maioria reflete, sim. Tem uma música, não muito conhecida, que gosto muito. Ela fala sobre quem precisa se entender com a poesia que carrega dentro de si. É quase um hino pra mim. E tem uma que fiz para minha avó, Dona Zirô — essa é ainda mais especial.

 

Qual foi o maior desafio enfrentado nas apresentações?

O maior desafio tem sido a resistência do público com o repertório de MPB. Muitos pedem músicas que não condizem com meu estilo. Isso incomoda, mas também me destaca. É por isso que acabo sendo chamada para eventos mais específicos e especiais.

 

Já pensou em escrever um livro?

Sim. Inclusive, estou trabalhando em uma obra poética chamada “Arrumação”. Em breve, pretendo lançá-la.

 

Como você vê a música brasileira hoje?

Confesso que me preocupo. As letras estão mais pobres, as melodias, repetitivas. Temos perdido qualidade sonora. Mas há artistas que me encantam, como Martins e Rubel, representantes dessa nova MPB.

 

O que você gosta de fazer quando não está envolvida com música?

Adoro me envolver com questões burocráticas. Depois que você entra nesse mundo, não tem mais volta. Também gosto de explorar a tecnologia voltada ao audiovisual.

 

Tem alguma história engraçada dos bastidores?

Sim! Já perdi uma participação com um artista nacional porque a equipe dele me confundiu com outra pessoa. Situação inusitada, mas que hoje rende risadas.

 

Como surgiu o convite para assumir a Secretaria de Cultura e Turismo de Viçosa?

Foi um convite do meu amigo, prefeito Ramon. Ao contrário do que muitos pensam, não pleiteei o cargo. Foi uma surpresa e, desde então, venho me dedicando com muito carinho e afinco.

 

Como concilia a carreira musical com a função de secretária?

É complicado, na maioria das vezes. As agendas nem sempre batem. Mas com fé em Deus e vontade de crescer com honestidade, vou conseguindo equilibrar as coisas.

 

Sua experiência artística influencia sua gestão?

Sem dúvidas. Fazer parte da cena artística local me permite entender melhor as demandas dos artistas. Isso traz mais sensibilidade à gestão.

 

Como a secretaria tem apoiado as atividades culturais em Viçosa?

Apoiamos diretamente vários potenciais. Exemplo disso é a banda de música e o grupo de artesãos, que recebem apoio desde o autoconhecimento até a produção, com recursos que chegam à ponta.

 

Que legado você espera deixar na Secretaria?

Trabalho para que as pessoas enxerguem o potencial cultural de Viçosa. Espero deixar ações estabelecidas que ampliem o acesso à cultura, formem e capacitem artistas, integrem a cultura a outras áreas e descentralizem as atividades culturais.

 

Há algum evento ou iniciativa marcante na sua gestão?

Sim. Destaco a criação do grupo “Mulheres em Círculo” e o “Nosso Festival Cultural”, criado durante a JOCEV’S. São marcos importantes e com grande impacto.

A Voz do Interior que encanta o povo e a governadora Fátima Bezerra

Maria Elvira é mais do que uma artista: é um símbolo de talento, sensibilidade e compromisso com a cultura do Rio Grande do Norte. Natural de Viçosa, no Alto Oeste potiguar, ela vem se destacando como cantora, compositora, poetisa e, mais recentemente, como gestora pública à frente da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Sua arte, enraizada nas vivências do sertão e nos sons da alma, tem conquistado corações por onde passa — inclusive o da governadora Fátima Bezerra.

Fã declarada do trabalho de Maria Elvira, Fátima não esconde a admiração que sente pela artista. Sempre que visita a região Oeste, a governadora faz questão de parar para ouvi-la cantar, e até se juntar a ela em momentos de pura emoção e musicalidade. “Maria Elvira representa a alma cultural do nosso povo. Canta com o coração e toca quem escuta”, já disse Fátima em uma das ocasiões em que esteve ao lado da artista.

A relação entre as duas é marcada pelo respeito mútuo e pela paixão em comum pela cultura popular. Nas apresentações de Maria Elvira, não faltam versos autorais, canções que exaltam as raízes nordestinas e reflexões poéticas que dialogam com a realidade das mulheres do sertão. Seu talento é inegável — e seu papel como gestora cultural só fortalece ainda mais sua importância para Viçosa e para o estado.

Com uma trajetória construída com dedicação, Maria Elvira se firma como um dos grandes nomes da nova geração de artistas do RN. Seu trabalho vai além do palco: inspira, representa e transforma. E é justamente essa força que a faz ser reconhecida pelo povo e reverenciada por autoridades, como a governadora Fátima Bezerra, que vê em Maria Elvira o reflexo da resistência e da beleza da cultura potiguar.

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