Terça-Feira, 16 de abril de 2024

Postado às 14h14 | 21 Fev 2017 | Fabio Vale CCJ do Senado aprova a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo

Após mais de 11 horas de sabatina, com perguntas de 40 senadores, indicado de Temer passa no crivo

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Agência Brasil

Após mais de 11 horas de sabatina, com perguntas de 40 senadores, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou há pouco, por 19 votos a favor e 7 contrários, a indicação de Alexandre de Moraes, 48 anos, para ocupar vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação ainda precisa ser votada pelo plenário da Casa, em sessão marcada para amanhã (22).

Brasília - O ministro licenciado da Justiça e Segurança Pública, Alexandre de Moraes, indicado para cargo de ministro do STF, passa por sabatina na CCJ no Senado Federal (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Sabatina de Alexandre de Moraes na CCJ do Senado durou mais de 11 horasMarcelo Camargo/Agência Brasil

Indicado pelo presidente Michel Temer para o lugar do ministro Teori Zavaski, morto na queda de um avião em janeiro, Moraes falou sobre o chamado ativismo judicial, que é quando o Judiciário se antecipa ao Poder Legislativo e regulamenta temas que não foi abordado pelo Congresso,  como casamento gay e mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Questionado sobre aborto, o indicado preferiu não emitir opinião, porque disse que poderá ser chamado a se manifestar sobre isso em ação corrente no Supremo, o que significaria antecipação de voto.

A sabatina começou por volta das 10h com diversas questões de ordem da oposição pedindo o adiamento da reunião. O presidente do colegiado, senador Edison Lobão (PMDB-MA), negou todas. Ministro licenciado da Justiça, Moraes chegou ao Senado acompanhado da esposa e negou que tenha advogado para uma organização criminosa de São Paulo.

Moraes negou também que tenha plagiado sua tese de pós-doutorado de um jurista espanhol e promoteu declarar-se impedido em ações que envolvam o  escritório de advocacia da mulher. Sobre sua atuação na Corte Máxima do país, disse que “será independente” e que não considera sua indicação ao Supremo um “agradecimento político”.

Sobre o uso de prisões preventivas, Alexandre de Moraes defendeu que as prisões nesses casos devem durar “tempo proporcional” ao crime que a pessoa é acusada. Ele evitou tomar posição sobre o foro privilegiado, mas disse que o mecanismo traz problemas operacionais para a Justiça.

O ministro licenciado da Justiça defendeu ainda a regulamentação do poder de investigação do Ministério Público e a mudança da Lei Orgânica Nacional da Magistratura para possibilitar penas mais severas a juízes condenados por atos ilícitos.

A senadora Gleisi Hoffmann se declarou impedida de votar por ser ré na Operação Lava Jato, que tramita no STF. A intenção, segundo a senadora, era que outros parlamentares investigados também se abstivessem, o que não ocorreu.

Para ter a nomeação aprovada, Alexandre de Moraes precisa ter, no mínimo, os votos favoráveis de 41 dos 81 senadores no plenário do Senado, em votação que deve ocorrer amanhã em sessão extraordinária convocada para as 11h desta quarta-feira.

* Atualizado às 22h

 

Alexandre Moras na sabatina: "Serei imparcial na Lava Jato"

O ministro licenciado da Justiça e indicado pelo presidente Michel Temer para vaga no Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, garantiu nesta terça-feira aos senadores na Comissão de Constituição e Justiça que atuará com “absoluta imparcialidade” na Corte. A declaração foi dada em resposta ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que o questionou pelo fato de integrar um governo cujos principais membros são citados em delações da Odebrecht, incluindo Temer. Lindbergh pediu a Moraes para que se declare suspeito de julgar qualquer caso envolvendo a Operação Lava Jato. Se seu nome for aprovado pelo Senado, o ministro se tornará o revisor de ações da Operação no plenário, que envolvem os presidentes da República, do Senado e da Câmara.

Na resposta, Moraes se recusou a se declarar impedido e lembrou que é uma “tradição histórica” no Supremo a indicação de pessoas que atuaram no Executivo e no Legislativo, citando os ministros Gilmar Mendes (ex-advogado-geral da União do governo FHC), Dias Toffoli (ex-advogado do PT), e Edson Fachin (que defendeu publicamente a candidatura de Dilma Rousseff). “Nenhum deles deixou de ter atuação imparcial. Em relação a nenhum desses ministros houve qualquer problema em relação a independência”, afirmou Moraes.

“Eu me julgo absolutamente capaz de atuar com absoluta imparcialidade dentro do que determina a Constituição, sem nenhuma vinculação político partidária”, completou, lembrando que integrantes da força-tarefa da Lava Jato elogiaram a sua atuação como ministro da Justiça, a quem está subordinada a Polícia Federal.

Na réplica, Lindbergh lamentou a negativa de Moraes em declarar suspeição: “Infelizmente, vai ficar parecendo que o senhor não fez isso [declarou-se suspeito] porque não pode, porque quem te indicou o fez para ser revisor da Lava Jato. Eu dei uma oportunidade para vossa excelência falar ao Brasil que não iria atuar na Lava Jato, que não seria revisor porque participou de um governo com pessoas envolvidas”, comentou.

Fonte: Veja online

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