Quarta-Feira, 01 de maio de 2024

Postado às 11h58 | 05 Fev 2017 | Cesar Santos Larissa Rosado: 'Mossoró não pode deixar de participar e de opinar no cenário estadual'

Deputada estadual toma o 'Cafezinho com César Santos' e defende representação forte de Mossoró na AL

Crédito da foto:

Blog do César Santos

A deputada estadual Larissa Rosado (PSB) fala do seu retorno à Assembleia Legislativa e da aliança política do seu grupo com o da prefeita Rosalba Ciarlini (PP).

No "Cafezinho com César Santos", no final da manhã de sexta-feira (3), a parlamentar falou abertamente do novo momento político, acreditando que o grupo governista chegará unido e forte nas eleições 2018.

Larissa afirma que os dois grupos poderão conviver juntos nas eleições e que quem aposta numa briga entre eles, “precisa se informar melhor”.

A deputada declara que a candidatura dela e do deputado federal Beto Rosado (PP) à reeleição é natural e coloca o nome da vereadora Sandra Rosado (PSB) e novo nome que surgir no tabuleiro das eleições do próximo ano.

Fotos: Marcos Garcia

A senhora está efetivamente retornando à Assembleia Legislativa e acompanhou essa primeira leitura, no seu retorno à Casa. Qual avaliação a senhora faz da leitura da mensagem do governador?

Quando eu vi a leitura, fui acompanhando enquanto ele fazia o discurso, eu tive a sensação que é um governo que chega colocando programas de governos passados como se fossem dele. Não que esteja errado, de forma alguma, dar continuidade ao que está dando certo, mas a forma como é colocada é como se fosse novidade. Eu vou dar um exemplo do plano de segurança, que foi amplamente divulgado como se fosse algo novo, como se o Rio Grande do Norte fosse o primeiro, mas no governo Dilma e Wilma de Faria já houve assinatura de um plano de segurança para o estado do RN. Há necessidade do plano? Há. É urgente? Sim. Outro ponto da mensagem governamental: o governo alardeia que vai aumentar o número de restaurantes populares, mas ele está reduzindo o Programa do Leite drasticamente. Em Mossoró, por exemplo, o governo Robinson recebeu de Rosalba entregando oito mil litros de leite por dia aqui na cidade e, agora, entrega em torno de quatro mil litros de leite. Anuncia como se dá com uma mão e tira com a outra. Eu ainda não fiz um comparativo entre as duas mensagens, a do ano passado e a deste ano, para fazer até uma crítica mais aprofundada, mas já na primeira sessão na Assembleia Legislativa eu pude perceber alguns pontos, como, por exemplo, os citados.

 

O governador tem na Assembleia uma base que lhe dê sustentação para ele desenvolver os seus projetos?

Essa questão de base na Assembleia a gente pode analisar do ponto de vista político e de um apoio administrativo que não envolva a política. Inclusive, ele mesmo chegou à Assembleia dizendo que não estava propondo aliança política ali naquele momento, mas um pacto em favor do estado do Rio Grande do Norte. Eu, por exemplo, não serei nunca contra uma mensagem que seja do interesse da população, do servidor público e não estou na base política do governador. Eu acho que existe na Assembleia o bom senso dos deputados e das deputadas de votar as coisas que sejam interessantes para a população. Agora, recentemente, nós tivemos a necessidade da autoconvocação para votarmos a convocação de professores, doação de ambulâncias, doação de viaturas policiais. Tudo isso foi aprovado porque houve um entendimento. Mas eu não vi muita efusividade política com relação ao governador.

A senhora falou que o governador se aproveita de ações de governos anteriores, mas, na mensagem, ele disse que o RN está pagando alto por erros de gestões anteriores. Como é que a senhora analisa esse comportamento?

Isso, no mínimo, é uma contradição. Porque ele começa no início da mensagem fazendo essa crítica a governos anteriores e segue com o programa do restaurante popular, que não nasceu no governo dele; ele fala de licenças ambientais, que começaram a ser agilizadas por mudanças feitas por Rosalba; o saneamento de Natal, que ele cita bem fortemente como uma realização que vai entregar Natal 100% saneada. Então, é muito contraditório, como é contraditório um governo que se diz que está olhando para a população, tirar o leite da boca das crianças, das famílias potiguares.

 

Trazendo para Mossoró, a senhora acompanhou o início do governo, que fechou o primeiro mês. Qual é a avaliação que a senhora faz desse primeiro momento?

Eu entendo que Rosalba é uma pessoa que tem muita experiência na gestão pública e torço para que o governo dê muito certo, inclusive que eu possa contribuir também na Assembleia Legislativa. Rosalba já começa com uma postura diferente do gestor anterior. O que é: receber os sindicatos, receber os funcionários, as associações, ter um diálogo aberto. Eu acho que nisso ela acerta muito. Ela traz o servidor para acompanhar o dia a dia da Prefeitura de Mossoró. Ela recebeu a Prefeitura com salários atrasados, mas logo deu uma resposta da programação dos salários, de como serão pagos. Pagará janeiro em dia, fevereiro em dia, vai parcelar o mês de novembro, dezembro e também o 13.º, que ela também recebeu atrasado. Rosalba terá dificuldade no governo? Com certeza. Pela crise que o país enfrenta, que o RN enfrenta, mas eu tenho certeza que ela fará um bom governo, pela experiência que ela traz. Eu faço uma avaliação positiva desse início do governo dela, porque ela está encarando os problemas de frente, ela está sentando para conversar e ouvindo as pessoas para encontrar as soluções.

 

O grupo da senhora assumiu a pasta do Desenvolvimento Econômico. De que forma o grupo da senhora pode dar essa contribuição, a partir dessa pasta, para a gestão municipal e para o município?

Laíre (ex-vereador Lairinho Rosado, irmão da deputada), que é o atual secretário, se credenciou para atuar como secretário do Município a partir do mandato que ele teve como vereador. Ele foi um vereador e mostrou ser também um bom gestor na iniciativa privada. Ele vai buscar, juntamente com a prefeita, não só a atração de empresas para Mossoró, isso é fato que eles vão fazer, mas vão procurar também aliar como o fortalecimento do turismo. Um exemplo é a retomada dos voos com a Azul. Mas, também, cobrando do Governo do Estado um aeroporto e boas condições e a Prefeitura fazendo a sua parte, e cuidando dos eventos de turismo da cidade, já que nós temos dentro da pasta de Desenvolvimento Econômico o turismo também. Nós temos aqui Festa do Bode, Mossoró Cidade Junina, tem a Festa de Santa Luzia, eventos podem ser feitos em parceria com o Sesi, com o Senac, para trazer pessoas para Mossoró e renda para a nossa cidade, além da Expofruit, entre outras que acontecem em nossa cidade. Laíre é um homem competente, trabalhador, tem se dedicado muito a dar resultados. E nós sabemos que a pasta que ele ocupa é um grande desafio, já que temos altos índices de desemprego e que o gestor precisa ter muita criatividade para reverter essa situação. Eu acho que tem um leque de ações de estão sendo pensadas, planejadas por ela e pela prefeita Rosalba.

O grupo da senhora e o da prefeita Rosalba se uniram nas eleições passadas, depois de serem adversários históricos, uma história que Mossoró conhece. Como a senhora imagina que o grupo vai caminhar para as eleições de 2018?

Com tranquilidade. Quando nossos grupos eram adversários, a gente deixava muito claro para a população que críticas nós tínhamos. Quando começamos a conversar com o grupo da prefeita Rosalba, isso foi feito às claras também. Através da mídia, a população tomou conhecimento e através até de consultas que fazíamos a pessoas do nosso grupo sobre opinião dessa união. Mossoró chegou a um ponto com a gestão anterior que precisava de uma forte união política em torno da cidade. Foi isso que a gente fez. Para o futuro, nós vamos, sim, caminhar, sem maiores atropelos, juntos. E não há nenhum problema para frente. Eu vou cumprir o meu papel como deputada estadual. A ex-deputada e vereadora Sandra, também, na Câmara, e Lairinho, que ocupa um cargo de secretário, na secretaria. Rosalba sabe que conta com a gente, no que diz respeito ao nosso interesse de a gestão dar certo. Nós temos partidos diferentes, mas acredito que quando formos tomar uma posição de quem apoiar para o Governo do Estado, de candidaturas que surgirão a deputado estadual, deputado federal, tudo isso será conversado. Eu acho que o que Mossoró não pode é ficar sem representação. Mossoró não pode deixar de participar e de opinar no cenário estadual.

 

Falar de nomes e candidaturas, o grupo de Rosalba tem o deputado federal Beto Rosado, que é natural uma candidatura à reeleição, a vereadora Sandra Rosado também tem essa possibilidade de tentar voltar à Câmara dos Deputados, tem a candidatura da senhora à reeleição, que também é natural. Esses nomes podem gerar um conflito ou eles podem conviver dentro do mesmo grupo e com os mesmos objetivos?

Eu acredito que é natural que Beto seja candidato à reeleição, que a vereadora Sandra Rosado possa ser também candidata a deputada federal, que eu possa ser a estadual e que surja um outro estadual. Não vejo nenhum problema nesse aspecto. Nós já chegamos, aqui em Mossoró, a ter quatro representantes, de pessoas intimamente ligadas à cidade, filhos ou não. Quando eu fui eleita deputada estadual a primeira vez, éramos eu, Francisco José, Ruth Ciarlini e Gilvan Carlos. Embora, o próprio Francisco José não tenha nascido na cidade, nasceu politicamente aqui. Então, não vejo nenhum problema com relação a isso. Nós teremos uma convivência de extremo respeito não só às pessoas, mas também ao que elas representam para Mossoró.

E essa aliança entre os grupos é duradoura? Por que existem apostas nas redes sociais de quando será o rompimento, de quando será a primeira briga?

(Risos) Engraçado dessa história é que nós éramos separados politicamente e ficavam especulando que, por debaixo do pano, existiam conversas. E agora que nós construímos essa união em favor de Mossoró, as pessoas que torcem contra ficam com essas colocações. Mas não existe, de maneira alguma, nenhum problema. O que eu acho é que a gente tem que ter o pensamento é numa Mossoró grande e que a força política que a gente possa ter aqui, que possa representar alguma coisa em nível estadual, que seja para trazer benefício para Mossoró. Quem está fazendo essa aposta, eu acho que está precisando se informar melhor.

A Assembleia foi autoconvocada, como a senhor falou, para aprovar doação de ambulâncias e viaturas para o Governo do Estado, já tivemos também o Tribunal de Justiça doando dinheiro para a construção de presídio, enquanto isso o Estado está quebrado, sem pagar aos servidores. Não é preciso mudar alguma coisa? Como a senhora vê essa situação?

Eu acho que o Governo do Estado hesita muito em vários setores da administração pública. Eu acho que o Governo precisa se planejar melhor, precisa se organizar melhor. A questão da Assembleia é que ela fez uma economia e essa economia, feita pelo presidente Ezequiel (Ferreira) e pela mesa diretora, garantiu que pudesse ser revertido nas ambulâncias e nas viaturas que serão compradas para serem entregues em parceria com o Governo do Estado aos gestores municipais. Eu acho que é uma questão de gestão.

 

Deputada, em que estágio se encontra o processo de possível mudança de partido que a senhora conduz neste momento?

Tão logo aconteceram as mudanças no PSB, eu tive um contato com o ex-ministro Henrique Alves, que me fez um convite para ir para o PMDB, representantes de outros também chegaram a conversar comigo. Que eu analiso essa possibilidade, eu analiso, por não ter concordado com a forma com que o comando do PSB foi trocado no Rio Grande do Norte. Naquele momento, nós queríamos que fosse feita uma eleição, quando Vilma (de Faria) ainda era presidente do partido. E as coisas aconteceram de maneira diferente. Vilma e Márcia (Maia) saíram do partido, o nosso grupo e do deputado Tomba (Faria) continuaram no partido e teve a chegada de Ricardo Motta e Rafael (Motta). Pessoalmente, não tenho nenhum problema com eles, mas eu discordo da forma como as coisas foram conduzidas. Até o momento, nós não tivemos nenhum diálogo sobre reestruturação partidária, já que ainda estou dentro do PSB, sobre o partido. Mas as conversas com outros partidos, elas realmente acontecem, fruto também dessa nossa insatisfação partidária. Mas, não existe ainda nenhuma definição. Tudo ainda será conversado com o comando do PSB.

 

A proximidade é com o PMDB mesmo?

Existe essa proximidade. Existe uma afinidade. O nosso grupo já foi do PMDB por 21 anos. Eu nasci politicamente no PMDB, fui coordenadora do movimento jovem, fui eleita a primeira como deputada estadual pelo PMDB, vice-presidente da Assembleia, era do PMDB. Vamos aguardar.

Nas eleições de 2014, a senhora foi bem votada, mas o fato de o seu partido estar numa coligação “pesada” acabou divorciando a senhora da Assembleia Legislativa. Na sua decisão, vai pesar uma posição do partido em relação à coligação em 2018 para não atrapalhar o projeto de reeleição?

Eu tenho muito a agradecer ao povo de Mossoró pela minha votação. Dos candidatos que concorreram numa chapa proporcional, em Mossoró, em 2014, eu sou a política mais votada da cidade, entre deputados estaduais e deputados federais. É tanto que a minha votação é maior do que a votação de deputados que entraram na Assembleia por conta dessa questão da coligação. É lógico que a gente tem de avaliar para onde iremos, quem está no partido. Mas a linha ideológica do partido é uma coisa que me interessa, a postura desse partido perante a sociedade também tem que ser avaliada, como se comporta na Assembleia, já que estou lá, a afinidade com o partido em Mossoró. Quem está no comando em Mossoró são pessoas que elas têm uma afinidade, têm uma semelhança com o que eu penso? Então, isso tudo será levado em consideração.

 

O destaque da semana nas redes sociais em Mossoró foi uma análise que o ex-prefeito Silveira Júnior fez do primeiro mês de gestão da prefeita Rosalba Ciarlini. Como a senhora vê Silveira, depois do que ele foi como gestor, estar analisando o primeiro mês da atual prefeita?

(Risos) Com relação ao ex-prefeito fazer análise, ele deveria ter feito do que ele poderia decidir o que deveria ser feito, e isso ele não fez, inclusive pagar o salário do servidor em dia. Isso é uma coisa que ele deveria ter feito, deveria ter honrado, porque o salário chegando no bolso do servidor é o feijão chegando na panela dessa família. Eu acho que ele, pelo menos agora, não tem muita credibilidade para analisar ou apontar o dedo para nenhuma ação de Rosalba. Ele tem esse hábito de ir para as redes sociais, de fazer muitas lives, e colocar o que ele pensa, mas eu acho que ele não tem credenciais hoje para fazer nenhuma crítica ao governo de Rosalba, que tem uma postura totalmente diferente da dele, que tenta acertar, que tenta conversar e que está se mostrando um governo aberto à população de Mossoró.

LEIA OS BASTIDORES DA POLÍTICA NO BLOG DO CÉSAR SANTOS

Tags:

voltar