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Postado às 09h40 | 18 Dez 2016 | Cesar Santos Beto: 'Vou colaborar da gestão Rosalba com meu mandato em Brasí­lia'

Deputado diz que de Brasí­lia participará de governo

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Blog do César Santos

O ano de 2016 será marcado pela crise intensa na política de Brasília. Queda da presidente da República, cassação do presidente da Câmara dos Deputados, dezenas de políticos alcançados pela operação Lava Jato e um Congresso que pouco ou nada produziu.

Cenário complicado para quem está iniciando a carreira parlamentar na capital federal e, até certo ponto, assustador.

Para o deputado federal Beto Rosado (PP), porém, os dois primeiros anos de mandato na Câmara serviram de aprendizado, principalmente no presente ano, em que as coisas estão acontecendo com intensidade.

“Assusta um pouco, mas nós temos que ter responsabilidade de desenvolver o nosso mandato de forma proativa, e é isso que estamos fazendo”, afirma o parlamentar em conversa longa no “Cafezinho com César Santos”.

Beto Rosado é o único representante de Mossoró no Congresso Nacional, o que aumenta a sua responsabilidade. Porém, ele garante que tem cumprido o seu dever, sem abrir mão de suas convicções.

Nesta entrevista, o parlamentar fala de sua ação, projetos e propostas em benefício de Mossoró e do Rio Grande do Norte, explica o seu voto a favor do projeto anticorrupção, prevê muita polêmica no debate da reforma previdenciária e destaca o seu projeto que permitirá o ingresso à universidade de alunos aprovados no Enem que não tenham concluído o ensino médio ou que sejam menores de 18 anos.

O senhor está concluindo o segundo ano de mandato na Câmara dos Deputados. Ainda é muito jovem na Casa. E neste segundo ano, a crise foi profunda na política, com o impeachment da presidente Dilma, cassação de Eduardo Cunha, matérias polêmicas etc.. O senhor se assustou com o que viu ou está sendo um grande aprendizado?

Estamos vivendo um ano atípico na política brasileira, com muitas mudanças, escândalos, impeachment, cassação de mandatos, governos diferentes, concepções diferentes, entre outras coisas de forte impacto. Não há dúvida que tudo isso acaba forçando a gente ganhar experiência de forma muito acelerada. É difícil fazer um trabalho proativo no momento como este, em que o Congresso Nacional está muito envolvido com essas demandas políticas. Mas, nós temos trabalhado para construir um mandato positivo, honrando a confiança do nosso eleitor e o compromisso que assumimos. Não há dúvida que as coisas como estão acontecendo chegam a assustar, mas posso afirmar que temos tirado lições positivas de tudo isso que está ocorrendo no Congresso.

 

HÁ UM sentido de frustração do deputado que está em primeiro mandato, quando se depara com uma situação caótica como a do momento em Brasília?

NÃO diria frustração, mas, sim, preocupação. O deputado quando chega a Brasília, ele procura elaborar projeto, desenvolver ações proativas, sempre buscando o melhor para a sua região, estado e país. Esse é o caminho natural. Agora, com o momento que vive a política nacional, em particular Brasília, fica difícil o parlamentar realizar o trabalho. O nosso mandato tem conseguido avançar, aprovar projetos importantes, apresentar outros para apreciação que venham beneficiar a nossa região, em particular. No entanto, a crise que vivemos no momento prejudica nossa ação e acaba, por consequência, atingindo a nação como um todo.

 

EXISTE a expectativa de o Congresso Nacional reencontrar o caminho da normalidade ou a avalanche de temas polêmicos continuará elevando a temperatura em Brasília?

O QUADRO não vai mudar. Pelo contrário. A pauta continuará intensa. Vamos entrar agora numa discussão dificílima, que é a Reforma da Previdência. É um tema polêmico que exigirá muito debate e responsabilidade de nós parlamentares. Entendemos que não será uma discussão fácil porque mexe na vida das pessoas, altera direitos adquiridos de muita gente, mas, por outro lado, todos estão conscientes de que a Reforma da Previdência é urgente e necessária. Nós estamos prontos para o debate, para receber sugestões e discuti-las, e conscientes de que a Reforma Previdenciária não pode mais ficar para depois.

 

QUAL a posição que o senhor vai adotar em relação à Reforma da Previdência Social?

EU VOU ser um defensor dos direitos adquiridos, mas sem abrir mão dos interesses maiores do país. As mudanças terão de ser feitas. Aliás, deveriam ter sido feitas há muito tempo. Economistas e estudiosos há anos apontam para os caminhos das mudanças e agora não há mais como fugir delas. Então, teremos a responsabilidade de discutir e promover a Reforma da Previdência, sempre procurando preservar os direitos do cidadão brasileiro, principalmente aqueles mais necessitados.

 

DIANTE de tudo que está acontecendo na Câmara, com membros do chamado alto clero envolvidos em escândalo (leia-se Lava Jato), o senhor acha que a Casa está preparada para debater um tema de tal importância como é a Reforma da Previdência?

A CÂMARA é a representação legítima de toda a comunidade brasileira, logo, ela está sempre preparada para debater os grandes temas. Não será diferente com a Reforma da Previdência. O que se precisa é ter responsabilidade com esse projeto tão importante. Por isso, não devemos analisar e colocar em votação em tempo curto. A Reforma da Previdência exige um debate amplo e isso a Câmara deve fazer. Tem que chamar a sociedade para o debate, de forma clara, transparente, e isso não pode ser feito a toque de caixa. O nosso mandato vai participar desse debate da melhor forma possível e, mais uma vez, digo que a nossa posição é a favor da preservação dos direitos adquiridos, mas sem abrir mão dos interesses coletivos do país.

 

NA POLÊMICA do projeto das “10 Medidas Contra a Corrupção”, desfigurado na Câmara, o senhor votou a favor, apesar da repercussão negativa em todo o país. O senhor acha que a Câmara tomou a melhor decisão?

PENSO que a crise que vive a classe política brasileira potencializou negativamente a aprovação do projeto anticorrupção. A questão principal nessa polêmica está exatamente na Lava Jato. O Ministério Público Federal e os magistrados envolvidos nessa operação usaram a mídia, de forma muito competente, para fazer um trabalho de apoio popular contra o que foi aprovado na Câmara. Inclusive, essas instituições contrataram profissionais de marketing para desenvolver campanhas em todas as mídias, o que acabou colocando a população contra a Câmara. A mensagem levada ao povo foi de que o Congresso estava aprovando medidas contra o andamento da Lava Jato, quando na verdade o que foi votado na Câmara e encaminhado para apreciação no Senado foi um projeto de combate à corrupção com mudanças em pontos encartados no documento das “10 Medidas Contra a Corrupção”.

 

MAS, deputado, por que a Câmara não aprovou o conteudo original, que recebeu a assinatura de mais de 3,5 milhões de brasileiros?

É NATURAL que o Congresso faça as mudanças que julga necessário e importante para o país. É como, e dever da Casa Legislativa, propor emendas em qualquer projeto em apreciação e votação. No caso em tela, a maioria do que se propôs o projeto levado pelo Ministério Público Federal continua lá, preservado, intacto. O que a Câmara fez foi criar alguns mecanismos para que eventuais abusos de autoridade cometidos por membros do Ministério Público e do Judiciário possam ser combatidos, penalizados. Penso que a sociedade, bem informada, não é favorável à regra que condena um magistrado corrupto à aposentadoria compulsória. Ou seja, passam a receber altos salários sem trabalhar, como se isso fosse uma punição. Isso, evidentemente, não é uma penalidade a quem praticou algum crime. Então, deve ser dito e compreendido que o que o Congresso fez foi criar mecanismo para impedir a impunidade também em todos os poderes. Portanto, as mudanças feitas não representam qualquer prejuízo à população.

O SENHOR destacou no início da entrevista que, apesar da crise política no Congresso, foi possível o seu mandato conquistar coisas positivas para a sua região. O senhor pode destacar?

O NOSSO mandato teve uma participação decisiva na luta pela recuperação da produção de petróleo, uma das atividades econômicas mais importantes da região de Mossoró. Apresentamos e aprovamos o projeto que permite a Petrobras vender os seus poços maduros, que não interessam mais à companhia, mas podem perfeitamente ser explorados por empresas de menor porte. Isso foi um avanço importante, pois abre a possibilidade de nossa região gerar milhares de empregos, inclusive, aproveitando a mão de obra qualificada que está ociosa. Outro projeto importante apresentamos agora, que se refere ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), para permitir que alunos que ainda não concluíram o ensino médio possam ter ingresso no ensino superior, caso sejam aprovados no exame realizado pelo Ministério da Educação.

 

SERIA uma forma de valorizar o aluno estudioso, independentemente do seu grau de estudo?

O NOSSO projeto defende que o estudante menor de 18 anos que se submeter ao Enem e conseguir aprovação possa fazer a sua inscrição na universidade, mesmo que não tenha concluído o último ano do ensino médio. Hoje, não pode; isso é um absurdo. Imagine um jovem estudioso aprovado no Enem para um curso de Medicina, que é bastante concorrido, ficar impedido porque não tem 18 anos ou não concluiu o ensino médio. Precisamos corrigir esse erro. O projeto já foi aprovado na Comissão de Educação da Câmara e agora segue para apreciação da Comissão de Constituição e Justiça.

 

A PREFEITA eleita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, está no processo de formação de sua equipe de auxiliares. O senhor, como membro do PP, mesmo partido da prefeita eleita, tem participado da discussão ou pretende indicar nomes?

DEVIDO à intensa agenda legislativa em Brasília, que tem consumido o nosso tempo, eu não tenho tido oportunidade de conversar com a prefeita eleita. Mas, acredito que ela tem definido alguns nomes para compor o seu secretariado. Eu fico bem tranquilo em relação a isso porque sei da responsabilidade de Rosalba e, certamente, ela escolherá nomes capazes de ajudar no processo de reconstrução de Mossoró. E no momento certo, iremos conversar com a prefeita eleita sobre isso.

DE QUE forma o senhor pretende participar da futura gestão municipal?

PRETENDO participar da melhor forma que um parlamentar pode ajudar. Por exemplo: colocando recursos da União para o Município de Mossoró. Recursos de convênios, de emendas ao Orçamento Geral da União, recursos extras. Aliás, já estamos fazendo isso. No Orçamento de 2016, conseguimos mais de 2 milhões de reais para investimentos na área da saúde. Também aprovamos emendas para a perfuração de poços. Para 2017, tivemos aprovada emenda no valor de 9 milhões de reais para obras de infraestrutura em Mossoró. Então, o nosso mandato estará presente em várias ações, como recuperação de unidades de saúde, saneamento básico, pavimentação de ruas, entre outras. Também conseguimos recursos para outros Municípios do Rio Grande do Norte.

 

O PARTIDO do senhor, o PP, faz parte e apoia o governo Robinson Faria, inclusive, com a indicação da professora Isaura Amélia para a pasta da Cultura. Surgem informações que os espaços serão ampliados a partir do próximo ano. O senhor confirma?

NÃO temos nenhuma conversa nesse sentido com o governador Robinson Faria. O PP faz parte da base de apoio do Governo e nós continuamos tentando ajudar o Governo, mas isso não passa por ampliação de espaços.

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