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Postado às 10h18 | 16 Out 2016 | Cesar Santos Doenças de ovinocaprinos podem ser evitadas com manejo sanitário

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A verminose responsável por 90% das causas da mortalidade dos rebanhos caprino e ovino é facilmente prevenida com o manejo sanitário, através ações de higiene simples e de baixo custo, como a limpeza semanal do curral, a vermifugação em períodos adequados e exame da mucosa do animal para verificar o grau de anemia. Mesmo neste período de estiagem, como ocorre atualmente no Nordeste, e que a infestação não é tão significativa como no período de chuvas, a verminose ainda causa elevadas perdas aos produtores de caprinos e ovinos.

O consultor do projeto Aprisco, Carlos Henrique de Souza, que ministrou palestras durante o Seminário de Caprinocultura no Espaço Empreendedor Rural, na Festa do Boi, em Parnamirim, destacou a importância do manejo sanitário com medidas preventivas e a troca de informações entre os produtores no combate às doenças que afetam os rebanhos. “Nunca conseguiremos fazer o controle da verminose, se o criador de caprinos e ovinos não fizer o básico em termos de higienização para reduzir o índice de mortalidade que existe atualmente”, condiciona.

Carlos Henrique garante que a maioria dos produtores tem a consciência do problema e a solução pronta na teoria, mas na prática há uma certa resistência. “Cabe aos técnicos e consultores intensificar as orientações, explicando que ele terá um retorno financeiro, com base em cálculos de custos, e que investindo em ações preventivas vai gerar maior lucratividade para a sua atividade”, recomenda.

O médico veterinário lembrou que além da verminose, há também as clostridioses que afetam os rebanhos e são um risco iminente de morte súbita de caprinos e ovinos. Para prevenir a doença, os animais devem receber uma vacinação específica, anualmente, já que o tratamento é muito complicado e muitas vezes não dá tempo de tratar, havendo a morte súbita. “Prevenir é o maior e o melhor benefício”, aconselha.

Através do Projeto Aprisco, desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, em parceria com algumas prefeituras como Assú, Ipanguaçu, Pendências, Macau e Afonso Bezerra, no caso do projeto Cordeiro do Vale, vem sendo feito um acompanhamento sistemático para diminuir a infestação de verminose nos animais do Estado. As regiões Oeste e Central, onde há uma grande concentração desses animais, são as principais atendidas pelo projeto, assim como a região do Vale do Açu. Como parte das ações, o veículo Bode Móvel percorre todas as exposições de animais e feiras de bode realizadas no Rio Grande do Norte, fazendo exames de OPG e ultrassonografias, que identificam fêmeas gestantes e não-gestantes.

A bordo do Bode Móvel, os técnicos levam as orientações com palestras e práticas como o Dia de Campo, fazem o exame de OPG - Ovos por grama de fezes, que verifica o grau de infestação dos animais. Com a coleta de uma amostra de fezes na ampola retal do animal, é feita análise microscópica. Se na contagem da análise o resultado ficar acima de 800 ovos por gramas de fezes, é indicada a vermifugação dos animais. “Abaixo disso, fazemos uma avaliação clínica do animal”, explica o veterinário.

O exame clínico é feito basicamente na mucosa do animal e uma verificação se não está com o pelo arrepiado e magro demais. Durante a avaliação é importante saber qual o perfil do animal que está sendo avaliado, como por exemplo, se são fêmeas adultas, paridas, animais jovens, reprodutores. No caso das fêmeas pós-parto é natural que o resultado do OPG dê um pouco mais elevado. Animais mais jovens são mais sensíveis à verminose e o OPG é sempre mais elevado.

A verminose não é contagiosa, mas transmitida através da pastagem, porque os animais com uma carga parasitária muito alta nas fezes soltam seus ovos no pasto e ovo eclode, formando uma larva chamada L3, que fica no capim, e infesta os outros animais que se alimentam desse capim com o verme, Esta é a razão da grande contaminação no período chuvoso, que tem clima e umidade favoráveis à larva.

O descarte de animais pouco produtivos ou improdutivos é uma prática indispensável à melhoria do rebanho caprino e ovino, que no Rio Grande do Norte somam, respectivamente, 500 mil e mais de 800 mil cabeças. Animais idosos com dificuldade de emprenhar, que apresentam doenças crônicas, problemas contínuos de cascos e não desmamam o cabrito ou borrego por cada ciclo reprodutivo devem ser descartados através do manejo produtivo.

Muitas propriedades rurais têm excesso de machos e nesse período de estiagem e escassez de alimento, a recomendação é que os machos sejam levados para um confinamento e tenham um abate mais rápido. Assim é possível reduzir o número de animais comendo pasto e, consequentemente, vai sobrar mais alimento para as fêmeas e animais mais produtivos, proporcionando um giro financeiro mais rápido e maior para o produtor com a venda da carne.

Fonte: Sebrae

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