Quinta-Feira, 25 de abril de 2024

Postado às 10h10 | 16 Out 2016 | Cesar Santos Quantas regras não são ditas e reproduzidas do nascimento í  morte?

í‰ fato: o machismo mata, o machismo mata todo dia mais uma

Crédito da foto:

(*) Brena Santos

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Quantas regras comportamentais não são ditas e reproduzidas do nascimento à morte? Desde o modo de se vestir até como se deve falar, se comportar, cuidar da vida, da casa, do casamento, dos filhos. A identidade cultural, que é múltipla, são identidades, apresentam características também múltiplas.

Algumas preponderam, outras não.

A cultura machista e patriarcal, por exemplo, se arrasta desde tempos longínquos; precisaríamos de páginas infindas para trazer todo o seu desdobramento histórico. Mas, deixemos de lado. Vamos relembrar apenas algumas práticas que são consequências dessa cultura.

Desde o nascimento, a mulher é enquadrada em um estereótipo comportamental, começando pela estrutura que se constrói dentro da própria casa: a mulher educada a ser submissa e a servir ao marido. Quem se afasta disso, é subversiva; ou, no popular, é “mulher que não merece o marido bom que tem”.

Essa configuração “amorosa” defende tudo, menos que exista a real possibilidade de amor. Pelo seguinte motivo: a mulher está ali para servir, cuidar da casa, dos filhos e do seu marido; se, em uma remota hipótese, ela se afasta disso, os julgamentos são postos à mesa, porque a sua obrigação é permanecer ali, doa a quem doer.

Além disso, o aprisionamento “necessário” do parceiro amoroso ao lar, apesar da aparente normalidade que carrega, devido a todo um histórico de reprodução dessa prática; é, na verdade, a forma mais cruel de romper com a liberdade de um sujeito, seja homem ou mulher.

A imposição de frases, como: “você tem que ser assim”, “você tem que fazer isso”, “você não pode agir dessa forma”, “ela que errou por desobedecer”, “claro que isso aconteceu; ela não cuidou bem dele”, gera consequências bem maiores do que a naturalidade com que as palavras saem da boca pode prever

. Acontece que os danos ocasionados pelos gestos, os “pequenos” (grandes) gestos, colocam o Brasil como a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. É um crime contra a liberdade, a honra e o corpo.

É fato: o machismo mata, o machismo mata todo dia mais uma. E a sociedade que reproduz os “pequenos” gestos é cúmplice desse crime.

(*) Brena Santos – Advogada

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