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Postado às 09h15 | 02 Ago 2016 | Cesar Santos Os poderes constituí­dos precisam tirar uma lição da 'guerra' no RN

Problema da falta de segurança é do governo e de todos

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Por César Santos

O momento delicado que o Rio Grande do Norte enfrenta, com facções criminosas estabelecendo o terror, não deve ser visto apenas sob o ponto de vista de uma “guerra” entre o Estado, como poder constituído, e o crime organizado, como poder paralelo.

O problema é muito mais agudo do que o confronto de momento.

Daqui a pouco as forças policiais se posicionam e os bandidos recuam, assim como ocorreu no início de 2015 quando os motins e fugas se multiplicaram no sistema prisional estadual e os ataques em série foram registrados em Natal e várias outras cidades.

A situação de agora é muito mais agressiva do que a ação do passado recente, porque os bandidos, de lá para cá, avançaram no aparelhamento marginal, enquanto o Estado não se impôs como Poder.

O quadro exige que as instituições constituídas, públicas ou não, devam olhar para dentro de si e assumir as suas responsabilidades com a sociedade como um todo.

O problema da segurança pública não é exclusivo deste ou de governos passados. É uma chaga que se alastra e afeta o tecido da sociedade provocando a sua anemia. O remédio, negado até aqui, não tem fórmula milagrosa, mas só pode sair do laboratório se cada uma das instituições oferecer a sua parte.

E por que isso não acontece?

Porque a política menor, de interesses exclusivamente individuais, não permite a união pelo bem comum. Adversários de governo, historicamente, usam a ineficiência do sistema de segurança pública para tirar proveito político-eleitoral.

O próprio governador Robinson Faria (PSD), que hoje sente na pele a dor da insegurança, usou o grave problema em sua campanha eleitoral para anunciar que entraria para a história como o “Governador da Segurança”.

Naquela época, em 2014, o RN sofria com a contagem acelerada de homicídios e o governo de então era castigado por adversários com a acusação de “incompetente” para resolver o caos na segurança.

A lição de agora, mesmo a custa do sofrimento e medo da sociedade, deve ser aproveitada para desarmar adversários políticos e colocá-los na mesma missão de combate ao crime e o restabelecimento natural da vida.

Os poderes Legislativo e Judiciário, o Ministério Público, a classe empresarial, a Igreja, precisam se engajar à luta, saindo das notas de solidariedade, multiplicadas desde o primeiro ônibus incendiado na última sexta-feira, 29, para atitudes concretas.

A população não admite mais a segurança pública servir apenas de promessa de campanha, retórica de palanque, críticas entre adversários.

Espera medidas concretas, definitivas, porque não suporta mais viver preso dentro de casa enquanto a bandidagem toma conta das ruas do Rio Grande do Norte.

LEIA OS BASTIDORES DA POLÍTICA NO BLOG DO CÉSAR SANTOS

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